quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Mude a sua dieta e salve a Amazônia

Por Pablo Nogueira para a Galileu de Agosto

"A pecuária está crescendo na Amazônia, e vai crescer ainda mais. A lei diz que podemos explorar 20% da Amazônia. Ou vamos transformar a região numa reserva internacional? Aí cabe perguntar aos outros países, principalmente aos desenvolvidos, o seguinte: se eles puderam explorar o território deles, por que não podemos fazer o mesmo com o nosso?", diz Nehmi. Ele também refuta a idéia de mudar a dieta para combater o desmatamento. "O verdadeiro problema é o crescimento populacional, que acarreta aumento no consumo. Posso aceitar usar menos celular ou andar menos de automóvel para preservar o ambiente. Mas pedir a um homem que pare de comer não faz sentido.

"A preservação da Amazônia não é o único argumento para defender mudanças na dieta. Num estudo publicado em julho na revista "Earth Interactions", os geólogos americanos Gidon Eschel e Pamela Martin, da Universidade de Chicago, avaliaram como o consumo médio de carne pelos americanos se reflete na emissão de gases de efeito estufa, como metano e óxido nítrico. Segundo eles, o total de metano e óxido nítrico produzido pela pecuária nos EUA jogou na atmosfera o equivalente a 232 milhões de toneladas de CO2 apenas em 2003. É como se, graças a sua dieta, cada um dos 291 milhões de americanos fosse individualmente responsável pela emissão de 800 kg de CO2. Os pesquisadores dizem que o americano que optar por reduzir o consumo semanal de hambúrger, passando de dois para um, conseguiria diminuir em 100 kg de CO2 sua participação na emissão dos gases. O estudo mostrou também que, mesmo o consumo de carnes brancas como frango e peixe, pode ter impactos importantes sobre o efeito estufa. "Há fontes ocultas de emissões de gases que estão relacionadas a escolhas que fazemos diariamente, mas sem consciência", afirma Pamela, que se define como 95% vegetariana.

Como salvar o planeta?
(foto) Colheita de soja em Mato Grosso. Desmatamento na região já bateu o 1,25 milhão de hectares.

Talvez essa virada dietética já tenha começado. Em julho, o beatle Paul McCartney declarou em entrevista que "a Amazônia está sendo desmatada pelo gado de hambúrgueres" e fez uma defesa do vegetarianismo. Aqui no Brasil, o pequeno Gabriel Ornelas, 5 anos, aderiu à onda desde o ano passado, quando aprendeu na escola que os puns da vaca contribuem para o aquecimento. A mãe, a psicóloga carioca Liana Fonseca, diz que o filho nunca foi lá muito fã do alimento. Mas isso não diminui sua precoce consciência ambiental, que se revela também em outros momentos. "Certa vez, ele viu um amigo do pai jogando lixo na rua e explicou a importância de fazer a coleta correta. De outra, pediu à empregada para não jogar o óleo na pia", lembra a mãe. Indagado pelos professores sobre ações que podem salvar o planeta, Gabriel sugeriu carros menos poluentes, coleta seletiva e "compartilhar brinquedos com as criancas pobres".

Bravo, Gabriel. A necessidade de consumo consciente - seja de brinquedos, de carros, ou de comida - é uma realidade com a qual temos de conviver. Mesmo quem não pensa em mudar hábitos alimentares não pode mais se furtar a avaliar os impactos ambientais de suas opções cotidianas. O planeta agradece.

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