quinta-feira, 6 de setembro de 2007
O Vegetarianismo é o Novo Prius*
Publicado sábado, 20 de Janeiro de 2007 no Huffington Post
Nota do Editor(**) É importante lembrar que mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa brasileiras são resultado do desmatamento e das queimadas na floresta amazônica. Conseqüentemente é preciso reconhecer os motivos da destruição: o comércio de madeira, as pastagens e o plantio de soja.
Por Kathy Freston
Traduzido por Clarissa Taguchi(**) publicado no Guia Vegano
O presidente Norte Americano, Herbert Hoover, uma vez prometera “uma galinha em cada panela e em um carro em cada garagem.” Com avisos sobre o aquecimento global alcançando níveis assustadores, muitos estão repensando os resultados que englobam tais carros. Mas parece que deveriam, preferivelmente, se preocupar sobre as galinhas.
Mês passado, as Nações Unidas publicaram um relatório sobre animais de criação e o meio ambiente, chegando a uma conclusão perturbadora: “O setor de criação de animais emerge entre um dos dois ou três maiores contribuintes dos piores problemas ambientais, e isso em qualquer escala, seja global ou local.” O estudo mostra que a criação de animais para alimentação é uma das causas principais da degradação do solo, da poluição do ar, da falta de água, da poluição da água, da perda do biodiversidade e ainda, do aquecimento global.
Isso mesmo, aquecimento global. Você já ouviu a história provavelmente: as emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, estão mudando nosso clima. E os cientistas advertem para a chegada de um clima mais instável, extremo, com possibilidade de inundações, de epidemias e de extinções maciças. A conclusão é que se pudéssemos sair por um tempo e voltar, nos questionaríamos o que aconteceu com o inverno e imediatamente pensaríamos no que servimos para o jantar à noite passada.
O relatório das N.U. diz que quase um quinto das emissões para o aquecimento global vem dos animais de criação (isto é, daquelas galinhas que o Hoover se referia, mais os porcos, o gado, e outros) – isso significa mais emissões de gases do que todo o transporte do mundo combinado!
Por uma década, a imagem de Leonardo DiCaprio circulando em seu carro híbrido Toyota Prius, ajudou a definir um padrão de excelência para o ambientalismo nos EUA. Estes veículos transformaram-se num símbolo verdadeiro do poder dos consumidores em se engajar numa solução com relação ao aquecimento global. Pensando apenas: um carro podendo cortar as emissões de veículos ao meio - em um país responsável por 25% das emissões de gás totais do efeito estufa no mundo. Com os padrões federais do setor de energia perdendo força no Congresso Norte Americano, e na milhagem média percorrida por veículo em seu nível mais baixo nas últimas décadas, o Prius mostrou aos Norte Americanos que uma outra maneira é possível. Porém, a Toyota não pode importar carros tão rapidamente para abastecer a demanda.
Ano passado pesquisadores da Universidade de Chicago colocaram o caso do Prius como referencia de um estudo quando viraram sua atenção a uma outra mercadoria geradora de gás. Perceberam que tratar animais para obtenção de carne, leite e ovos, requer o consumo de algo como dez vezes mais do que necessitaríamos ao comer o que a primavera oferece, nuggets falsos de galinha, e os outros alimentos vegetais.
Além disso, ainda temos que transportar os animais aos abatedouros, abatê-los, refrigerar suas carcaças, e distribuir sua carne refrigerada através de todo o país. Produzir uma caloria de proteína de carne significa queimar mais de dez outras calorias de proteína vegetal, em combustíveis fosseis – e ainda derramar dez vezes mais dióxido de carbono na atmosfera.
Os investigadores perceberam com a conta acima que o americano médio faz mais para reduzir as emissões de aquecimento globais através do vegetarianismo do que comprando um Prius.
Estudo diz que pecuária desmata a Amazônia, e não a soja
É a pecuária, e não a soja, a maior responsável pelo desmatamento na Amazônia. É isso o que diz um estudo divulgado pelo Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF) e que vai ser utilizado como base pelo Ministério da Integração Nacional para definir o planejamento territorial na região.
"A gente fica batendo na tecla errada, esquece o efetivo responsável e acaba adotando políticas públicas erradas", afirma Julio Miragaya, autor do estudo e coordenador-geral de Planejamento e Gestão Territorial (CGPT), ligado ao Ministério da Integração Nacional. "O fantasma da Amazônia não é a soja, é a pecuária".
O economista, que escreve sua tese de doutorado sobre o papel da pecuária na ocupação da Amazônia, revela que um projeto de lei será encaminhado até outubro para o Congresso Nacional. A intenção é criar áreas de zoneamento determinando onde será permitido a criação de gado. "Terá de ser uma política de Estado e não de governo, senão não dará certo", diz ele.
Com base nos dados da produção de pecuária municipal do IBGE, o documento afirma que 34,667 milhões de hectares da Amazônia foram ocupados com pecuária entre 1990 e 2005. Outros 5,405 milhões foram ocupados com soja, seguida por milho (930 mil hectares), arroz (508 mil) e algodão (432 mil).
Nesse período, o Brasil registrou um aumento expressivo de 40,8% de gado bovino no seu rebanho. Das 60,05 milhões de cabeças, nada menos que 80,5% se deram nos nove Estados que compõem a Amazônia Legal.
Miragaya salienta que o avanço do plantio de soja em áreas que antes eram ocupadas pela pecuária, sobretudo no Centro-Oeste, forçou o avanço do gado para as áreas amazônicas. Esse efeito indireto, segundo ele, teria sido equivalente a 4,62 milhões de hectares (ou 15% das áreas utilizadas para o agronegócio).
A conjuntura internacional foi determinante para esse movimento. Grandes exportadores de carne bovina estão encurralados, diz o economista, cuja tese de doutorado é sobre o papel da pecuária na ocupação da Amazônia. Ele cita como exemplos Austrália, Argentina e EUA. O denominador comum é a limitação de terras disponíveis para o avanço do gado, no momento em que soja e milho ganham importância nos mercados internacionais.
"Ao contrário dos nossos concorrentes, o Brasil tem terras demais. E para onde o gado está indo? Para a Amazônia, enquanto nas demais regiões do país os rebanhos estão em declínio", diz.
É o que se conhece como movimento de "subida do boi". Expulsos por culturas mais rentáveis do sul, sudeste e centro-oeste do país, os rebanhos bovinos encontraram na região amazônica condições ideais para crescer: terras baratas (em muitos casos griladas), solos e clima impróprios para lavouras em algumas localidades. A falta de infra-estrutura, indispensável para as grandes plantações de grãos, é outro fator que explica esse movimento.
Rondônia e Acre registraram em 15 anos o crescimento mais acelerado na criação de boi na Amazônia Legal - 560% e 478%, respectivamente. Mato Grosso e Pará incrementaram suas criações em 200%, cada um. Amazonas, Tocantins e Maranhão foram os únicos que registraram expansão de pecuária abaixo dos 100%, no período de 1990 e 2005.
"Quase todo esse crescimento foi puxado pelas exportações", diz Paulo Barreto, especialista em cenários de ocupação do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Segundo ele, no início dos anos 90 eram exportados apenas 5% de toda a produção nacional de carne bovina. Em 2006, os embarques representavam 25%.
O estudo mostra que o impacto da soja ainda é bastante limitado em relação ao desmatamento provocado por outros setores do agronegócio. "Não é a pecuária a responsável pela invasão na região amazônica. Falta na região um melhor controle do direito de propriedade. Muitas das propriedades não têm título e é isso que gera a disputa pela terra e fomenta a invasão de áreas", afirma Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Para ele, no entanto, não há necessidade de se criar um zoneamento por culturas da região amazônica. "O próprio mercado decide se vale a pena plantar ou não", diz, citando como referência a moratória da soja assinada pelas indústrias esmagadoras, que se comprometeram a não comprar grão produzido em áreas desmatadas do bioma amazônico.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Direitos Animais é uma questão ambiental
Todos os anos os ativistas de direitos animais dos Estados Unidos e alguns representantes de outros países se reúnem numa conferência para trocar idéias e discutir os avanços do movimento de defesa dos animais. Trata-se da Animal Rights, evento idealizado há 15 anos pela organização sem fins lucrativos FARM (Farm Animal Reform Movement). Este ano a conferência foi realizada na cidade de Los Angeles entre os dias 19 e 23 de julho e os cerca de 1000 participantes discutiram questões que foram além das estratégias de ações de defesa, campanhas e vegetarianismo/ veganismo no âmbito de ações de exploração covardes cometidas contra os animais. Conclui-se que além de ser uma prática ética em relação aos bichos, Direitos Animais é uma questão ambiental.
Em tempos de manchetes sobre aquecimento global, já foi amplamente divulgado o fato de que a pecuária e todos os outros processos que geram produtos de origem animal são grandes vilões do meio ambiente por conta da devastação de florestas, alto consumo de cereais e desperdício e poluição das águas. A própria Organização das Nações Unidas, através de relatório oficial de 2006, demonstrou que a criação industrial de animais é responsável por aproximadamente 18% das emissões de gases de efeito estufa. Em termos comparativos esse número é maior, por exemplo, que o das emissões geradas pelos meios de transporte.
“Muitos veganos fazem a opção pela dieta pensando nos animais apenas. No entanto, eles acabam ajudando na melhoria de sua saúde e da saúde do planeta. Infelizmente muitos líderes ambientalistas ainda não se deram conta da importância disso”, afirma Alex Hershaft, presidente da FARM e idealizador da Animal Rights. “Além de mudanças no atual modelo energético, é necessário trabalhar na conscientização das pessoas sobre sua alimentação. O resultado será uma mudança de comportamento e hábitos em larga escala, ingrediente principal para uma mudança de modelo da dieta global”, explica Saurabh F. Dalal, presidente da União Internacional Vegetariana/ América do Norte e um dos principais divulgadores da intrínseca relação entre Direitos Animais e Meio Ambiente.
Dalal fez uma apresentação sobre a influência da atual dieta onívora adotada pela humanidade nas mudanças climáticas em uma das plenárias principais da Animal Rights e fez questão de ressaltar que cabe ao ativista de direitos animais ficar atento não só à alimentação. “Ser vegano é fundamental, mas precisamos rever ainda mais nossos hábitos de consumo. Temos realmente que nos tornar mais verdes”, alertou Dalal.
O coro dos direitos animais e sua relação direta com o equilíbrio ambiental do planeta teve um reforço significativo com a declaração oficial de apoio dada por Dennis Kucinich, candidato à presidência dos EUA em 2008 e um dos únicos congressistas americanos adeptos da dieta vegana. Através de uma áudio-conferência, Kucinich falou para um auditório lotado sobre as suas crenças e o seu comprometimento no cenário político a favor da sustentabilidade para a preservação de todas as espécies de vida e do meio ambiente. “Tratar mal os animais reflete na paz do mundo”, afirmou o congressista na Animal Rights.
Ativismo não é terrorismo
Entre os mais de 100 palestrantes da Animal Rights 2007, algumas são figuras ilustres já conhecidas e respeitadas (e, às vezes, criticadas), como o Capitão Paul Watson, fundador e presidente da Sea Shepherd Society. Watson é mundialmente conhecido por liderar operações diretas contra a caça de baleias na Antártica e chama este trabalho de ambientalismo. Para ele, defesa de animais e vegetarianismo são simplesmente questões ambientais.
“A Sea Shepherd é um grupo conservacionista que atua na defesa de direitos animais. Vamos a campo tentar garantir o cumprimento das leis internacionais e isso consiste em um trabalho de conservação. Não me considero um ativista de direitos dos animais. Sou um ambientalista”, explica, ressaltando que a fama de pirata do mar conquistada pela organização é até motivo de orgulho. “Um pirata resolve por ele mesmo, sem receber ordens do Governo. Nossa missão é salvar o planeta. Nossos clientes são os animais. Este é o nosso foco”.
Mas se Watson tem orgulho em ser chamado de pirata, um outro rótulo é motivo de revolta por parte dos ativistas e consistiu em outro assunto de destaque da conferência este ano: a crítica coletiva ao Animal Enterprise Terrorism Act, ou AETA, uma emenda aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em 2006 que coloca qualquer pessoa ou organização de defesa de animais no mesmo nível de terroristas, punindo inclusive protestos pacíficos. “O AETA ameaça a liberdade de expressão particular e dos grupos ativistas e chama nosso trabalho de terrorismo. Na conferência tivemos a chance de avançar bastante nas estratégias de enfrentamento e anulação desta emenda”, esclarece Hershaft.
* Jaqueline B. Ramos foi convidada pela organização da Animal Rights 2007 para fazer a cobertura fotográfica do evento.
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Vegetarianismo a favor do meio ambiente
POR CRISTIANE SENNA
Algumas pessoas se tornam vegetariana pela libertação animal e outras em busca da boa saúde, mas há um motivo muito importante que deve ser considerado por todos: a ação impactante que a pecuária tem sobre o meio ambiente. Em entrevista a ÉPOCA Online, o biólogo e ativista Sérgio Greif explicou um pouco mais sobre o assunto.
Impacto ambiental de uma dieta centrada na carne
A pecuária representa uma das atividades humanas mais impactantes para o meio ambiente, consumindo grandes quantidades de água, grãos, combustíveis fósseis, pesticidas e drogas. Esta atividade é também a principal causa por trás da destruição das florestas tropicais e outras áreas naturais, além de grande responsável por outros impactos ambientais, como a extinção de espécies, erosão do solo, escassez e contaminação de águas, desertificação, poluição orgânica e efeito estufa.
CONTAMINAÇÃO A pecuária consome grandes quantidades de recursos, gerando resíduos e gases que contaminam o solo, a água e o ar
Destruição da flora e fauna natural
A maior parte do gado brasileiro é criada pelo sistema extensivo, onde os animais permanecem soltos no campo, ocupando vastas áreas. Neste sistema, considerado pouco produtivo, cada cabeça de gado necessita de um hectare (10.000 m²) de terra para engordar. O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo (mais de 200 milhões de cabeças), que necessita de uma área de pastagem de, no mínimo, 2 milhões de km² para ser sustentado. Esta área equivale a um quarto do território nacional. Estas pastagens eram anteriormente áreas naturais como cerrados, florestas tropicais, entre outros.
Quando ambientes naturais são destruídos para a formação de pastos ocorre a perda de biodiversidade na área: a maior parte dos animais e plantas nativos desaparecem do local, sendo substituídos por forrageiras invasoras e gado. A remoção da cobertura vegetal original transforma completamente o ambiente, tornando-o impróprio para sustentar a maior parte das espécies que antes ali viviam. Ainda, as raras espécies que se adaptam às novas condições tendem a ser eliminadas pelos fazendeiros, uma vez que entram em competição com o gado ou passam a predá-lo devido a ausência de suas presas naturais. Há também várias doenças, como a raiva, o antraz, a toxoplasmose e a febre maculosa, que são transmitidas do gado para os animais silvestres e vice-versa, o que freqüentemente resulta na eliminação dos animais silvestres.
A remoção da cobertura vegetal original para formar pastos não apenas compromete a biodiversidade, como também interrompe o equilíbrio e a reciclagem natural de nutrientes, como o que estamos observando no caso da Floresta Amazônica. Locais no planeta onde a atividade de pastoreio é mais antiga são testemunhas de que o homem de fato transforma florestas em desertos. O super-pastoreamento destrói toda a possibilidade de rebrotamento e crescimento vegetal. Além disso, quando o gado pisoteia massivamente o solo, este é compactado. Isto torna a absorção da água dificultada, além de possibilitar o arraste de material superficial pelo vento e pela água, resultando em processos erosivos.
Poluição do meio ambiente
A pecuária também é uma das mais importantes fontes de poluição do meio ambiente. Ela consome grandes quantidades de recursos, gerando resíduos e gases que contaminam o solo, a água e o ar. A produção de excrementos animais ultrapassa em muito a produção de excrementos das grandes cidades. Este excremento na maior parte das vezes não pode ser empregado na agricultura e não é direcionado para nenhuma estação de tratamento de esgotos, sendo inadequadamente disposto no ambiente. No meio ambiente, estes excrementos colocam em risco a saúde pública, estando associados à disseminação de coliformes fecais, proliferação de insetos e problemas de saúde como alergias, hepatite, canceres e outras doenças. Em alguns municípios catarinenses a suinocultura é responsável por mais de 65% da emissão de poluentes. A contaminação das águas superficiais por coliformes fecais em algumas regiões do Sul do Brasil chega a 85% das fontes naturais de abastecimento.
FAUNA Quando ambientes naturais são destruídos para a formação de pastos, a maior parte dos animais desaparecem do local
Mesmo em países desenvolvidos, onde a abundância de recursos permite um manejo mais adequando e melhor infra-estrutura, a insustentabilidade da pecuária torna impossível o controle efetivo da poluição. Por exemplo, países europeus como a Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Bélgica e França apresentam problemas ambientais ocasionados pela pecuária muito mais graves do que os nossos. Os Estados Unidos já possuem áreas com níveis de contaminação alarmantes.
A pecuária e a água
A pecuária implica também um uso ineficiente da água. Cerca de 70% da água doce captada pelo homem dos rios, lagos e depósitos subterrâneos é destinada para uso agrícola, sendo que os 30% restantes são utilizados para as demais atividades, como consumo doméstico, atividade industrial, geração de energia, recreação e abastecimento. No Brasil, são necessários em média 2 mil litros de água para produzir cada quilo de soja. Por outro lado, para produzir cada quilo de carne bovina são necessários cerca de 43 mil litros de água. Nesse cálculo entram não só a água que os animais bebem, cerca de 50 litros/dia, mas também a água utilizada na produção de seu alimento.
O pecuarista não paga pela água que utiliza nem para os dejetos que o abatedouro gera. No preço da carne não estão contabilizados nestes custos, nem os prejuízos ao meio ambiente causados pela criação de animais. Todos estes custos são subsidiados pelo governo. Isto significa que o contribuinte arca com todos, para lucro exclusivo do setor pecuário.
Vegetarianismo contra a fome no mundo
Se compararmos nossa atual produção agrícola com a população humana hoje existente, veremos que não há motivos para a fome no mundo. Não há déficit na produção, pelo contrário, são produzidas cerca de 1,5 quadrilhões de calorias a mais do que seria necessário para sustentar nossa população. A fome só existe porque cerca de 25% dos grãos cultivados no mundo são utilizados na alimentação do gado. Mesmo o fato de que este gado será posteriormente utilizado para alimentar seres humanos não é justificativa, visto que a produção de carne representa um uso ineficiente dos grãos. Os grãos são utilizados de forma mais eficiente quando consumidos diretamente por seres humanos
Vegetarianismo preservando florestas e áreas naturais
Caso o vegetarianismo fosse uma situação generalizada dentro de nossa espécie, seriam necessárias menos áreas de cultivo para sustentar nossa população. Muitas áreas naturais jamais precisariam ser tocadas e desta forma haveria uma maior preservação ambiental. Não haveria a situação de desperdício de recursos hídricos, pois seriam adotadas para cultivo apenas áreas próprias para agricultura, sem quase nenhuma necessidade de irrigação. A captação de água ocorreria basicamente para atender às cidades e às industrias, portanto haveria menor incidência de secas.
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Carnaval das Culturas!
O evento aconteceu gratuitamente dias 3, 4 e 5 na Praça do Lido em Copacabana, com uma variedade de atrações musicais e apresentaçãoes artisticas. No desfile cultural realizado na Av. Atlântica, dia 5, Flora, ao som da bateria Fina Batucada, representava o Brasil que sonha, que voa e que acredita poder enfrentar seus desafios com alegria.
O Desfile contou também com a partipação da Campanha "Aqueça seu coração, não o planeta. Seja Vegetariano!" e lá, vegetarianos, o movimento Hare Krishna e ativistas puderam apresentar uma perspectiva de mundo mais sadio, pacífico e alegre.
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Arpoador 01/07
Cerca de 300 pessoas participaram, no dia 01 de Julho, da caminhada ao longo da orla de Ipanema para a conscientização dos problemas acarretados pela maior das ameaças enfrentadas pela humanidade: o Aquecimento Global.
Unidos com o objetivo de mostrar alternativas e soluções pacíficas no combate ao fenômeno que tem alterado nas últimas décadas o equilíbrio das funções naturais do planeta Terra, diversas organizações entre elas a Secretaria de Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro, o Projeto de Proteção aos Bovinos, a Sociedade Vegetariana Brasileira, a ONG Greenpeace, o movimento Hare Krishna, a Brahma Kumaris e a Frente Brasileira para a Abolição da Vivissecção; participaram da manifestação que apresentou a redução no consumo de animais na alimentação e o não uso de combustíveis fósseis para locomoção, como alternativas viáveis à redução dos gases do efeito estufa.
A apresentação do vegetarianismo como maneira de reduzir a emissão dos gases CO2, metano e óxido nitroso, surpreendeu participantes e pedestres. Para Thais Pimenta, geóloga, vegetariana e uma das organizadoras da campanha 'Aqueça seu coração, não o Planeta. Seja vegetariano!'; 18% das emissões totais desses gases é causada pela produção de animais para alimentação humana e, esse número é maior que a missão total causada pelo setor de transportes. Mas não é apenas isso que viemos mostrar, disse a coordenadora:
"Testemunhamos aqui, uma incrível manifestação pacífica de conscientização em defesa do Planeta Terra e de todos os seres vivos que aqui habitam. Acreditamos que ao enfrentarmos as mudanças climáticas com perspectivas saudáveis e pacíficas, passamos também a enfrentar diversas outras situações ligadas ao bem-estar da sociedade pelas mesmas perspectivas".
O movimento Hare Krishna, que pratica o vegetarianismo, também se manifesta nesse sentido: "É preciso conscientizar a sociedade que a alimentação é nosso principal hábito de consumo, e que uma alimentação baseada na violência para com outros seres e seu meio ambiente, reflete em nosso estado de espírito. A Natureza é viva e assim todos seus seres, rios, florestas, árvores, animais e seres humanos", disse o Swami Param Gati, um dos mestres do movimento.
A ONG ambientalista Greenpeace participou com sua campanha “Volta pelo Clima”, incentivando a população a mudar alguns de seus hábitos relacionados ao consumo de energia. Caminhar, andar de bicicleta, correr, andar de skate ou patins, são todas maneiras de cuidar do seu corpo e também do planeta.
A meditação também foi uma das ações apresentadas no evento, que permaneceu com exposições e atendimento de perguntas e respostas durante todo dia. Para a o centro de estudos Brahma Kumaris, “a base da meditação Raja Yoga é acessar, de uma forma prática, as nossas qualidades originais de pureza, paz, amor, felicidade e poder espiritual. Comer carne é um ato violento, que contém em si princípios opostos às qualidades intrínsecas do ser”, segundo Ana Lucia de Castro.
"Comendo carne, o praticante permanece num nível apenas superficial de meditação, a mente só experimenta uma tranqüilidade temporária e, sua compreensão sobre a vida continua limitada. Seu intelecto chega, no máximo, à erudição. Os vegetarianos podem acessar a profundidade do ser, tornando, assim, sua mente estável, serena e silenciosa. Seu coração generoso naturalmente distribui o poder e luz que experimenta. O intelecto se diviniza, torna-se amplo e ilimitado, alcançando, então, a verdadeira sabedoria; a iluminação”, disse Ana.
A Brahma Kumaris apresentou no meio da caminhada, um pequeno teatro infantil com a peça: Mundinho como vai você? (foto)
As cartilhas para a campanha “Aqueça seu coração, não o planeta” foram patrocinados por empresas que não usam o vegetarianismo como missão e uma empresa de sorvetes lança sua linha de produtos veganos e orgânicos no evento. Isso demonstra a preocupação e sentimento de união que diversas pessoas e instituições estão tendo em relação ao Aquecimento Global e as mudanças climáticas acarretadas por ele.
A apresentação de práticas mais saudáveis de vida e seu reflexo na sociedade pode ter um poder de transformação em relação aos problemas que enfrentamos atualmente? Para Thais Pimenta, sim:“A poluição das fontes de água, do solo, chega a nós alterando nossos processos bioquímicos e desequilibrando nosso organismo. A produção de carne é uma das maiores formas de degradação ambiental, são toneladas de excrementos diários que a produção de carne gera. Ficamos ainda mais assustados, ao ver as estatísticas de aumento no consumo de carne previsto pela FAO para as próximas décadas”.
Segundo Lidiane Martins, nutricionista vegetariana, “a dieta vegetariana nutricionalmente equilibrada é mais saudável porque muitas das doenças atuais podem advir do aumento no consumo de carne. Hoje, muitos alimentos disponíveis no mercado contem ingredientes de origem animal, muitos processados e embutidos. Quando procuramos uma dieta vegetariana, em geral passamos a nos preocupar com a qualidade e demais ingredientes utilizados na fabricação de nossos alimentos; quer dizer, corantes, agrotóxicos, conservantes e etc. que juntos podem levar ao adoecimento do organismo”.
Para mais informações sobre a campanha “Aqueça seu coração, não o planeta” acesse: http://www.consciencia.net/
Para mais informações sobre a campanha “Volta no Clima” acesse: http://www.geenpeace.org.br/
Comentário de um blogueiro
Aqueça seu coração... seja vegetariano
O site www.consciencia.net não poderia ter sido mais feliz com o recente texto que promove o vegetarianismo. Estava com esse assunto em pauta aqui no blog, mas acho que não conseguiria formular um trabalho tão bem feito. Bom, convido-os a acessar o site e comprovar. Assim, quem sabe, numa futura rodinha com os amigos, você (ñ-vegetariano) não pague um "congo" alegando crendices inexistentes sobre o tema.
Foi algo que prometi a mim mesmo no dia 31/12/2006: "a partir de hoje irei me tornar vegetariano". Tal ambição adveio de uma enxurrada de sites em que me joguei para ver quais eram os argumentos dos, na época, "chatos homens-alfaces". A sensação foi como se esguichassem nitrogênio líqüido na minha cara. Não estou querendo dramatizar. Tanta informação, tanta razão, logo o "como pude ser tão cego" foi prontamente carimbado na minha testa.
Abandonei meus antigos pratos prediletos. Adeus pizza de frango com catupiry, adeus cachorro-quente, camarão, torta de frango, churrascos, peixadas... Da noite para o dia disse "adeus", e desde então tem sido uma peripécia. Juro que tudo citado acima não me faz falta nem enche minha boca, pois passei a analisar todo o processo (criação do animal, captura, abate, prejuízo ambiental e social) e, honestamente, me causa repulsa.
Não vou dizer que não senti a mudança drástica. A carência da vitamina B12, que é produzida em grande escala por causa da ingestão de carne e suas bactérias, me deixou abatido num período importantíssimo: meu estudo pra concurso público. Eu acordava às 7:30 quase em todas as manhãs de janeiro e fevereiro, e gradativamente passei para 8:30... 8:50... 9:30... 12:00!! Dormia muito, ficava indisposto e sabia que era consequência da minha nova alimentação, e minha família me pegava pra Cristo, como ocorre rotineiramente com todo vegetariano, que não pode espirrar que o povo já ergue o outdoor: "Isso porque não come carne!" Mas nada como uma boa consulta a um nutricionista (que lamentavelmente teve a coragem de me perguntar se eu tinha virado vegetariano por "modismo". Modismo esse q eu até gostaria de descobrir e me juntar a galera), pesquisas e pesquisas em sites não possam resolver.
Do blogue : Arcanjo de Prata.
Mude a sua dieta e salve a Amazônia
"A pecuária está crescendo na Amazônia, e vai crescer ainda mais. A lei diz que podemos explorar 20% da Amazônia. Ou vamos transformar a região numa reserva internacional? Aí cabe perguntar aos outros países, principalmente aos desenvolvidos, o seguinte: se eles puderam explorar o território deles, por que não podemos fazer o mesmo com o nosso?", diz Nehmi. Ele também refuta a idéia de mudar a dieta para combater o desmatamento. "O verdadeiro problema é o crescimento populacional, que acarreta aumento no consumo. Posso aceitar usar menos celular ou andar menos de automóvel para preservar o ambiente. Mas pedir a um homem que pare de comer não faz sentido.
"A preservação da Amazônia não é o único argumento para defender mudanças na dieta. Num estudo publicado em julho na revista "Earth Interactions", os geólogos americanos Gidon Eschel e Pamela Martin, da Universidade de Chicago, avaliaram como o consumo médio de carne pelos americanos se reflete na emissão de gases de efeito estufa, como metano e óxido nítrico. Segundo eles, o total de metano e óxido nítrico produzido pela pecuária nos EUA jogou na atmosfera o equivalente a 232 milhões de toneladas de CO2 apenas em 2003. É como se, graças a sua dieta, cada um dos 291 milhões de americanos fosse individualmente responsável pela emissão de 800 kg de CO2. Os pesquisadores dizem que o americano que optar por reduzir o consumo semanal de hambúrger, passando de dois para um, conseguiria diminuir em 100 kg de CO2 sua participação na emissão dos gases. O estudo mostrou também que, mesmo o consumo de carnes brancas como frango e peixe, pode ter impactos importantes sobre o efeito estufa. "Há fontes ocultas de emissões de gases que estão relacionadas a escolhas que fazemos diariamente, mas sem consciência", afirma Pamela, que se define como 95% vegetariana.
Como salvar o planeta?
(foto) Colheita de soja em Mato Grosso. Desmatamento na região já bateu o 1,25 milhão de hectares.
Talvez essa virada dietética já tenha começado. Em julho, o beatle Paul McCartney declarou em entrevista que "a Amazônia está sendo desmatada pelo gado de hambúrgueres" e fez uma defesa do vegetarianismo. Aqui no Brasil, o pequeno Gabriel Ornelas, 5 anos, aderiu à onda desde o ano passado, quando aprendeu na escola que os puns da vaca contribuem para o aquecimento. A mãe, a psicóloga carioca Liana Fonseca, diz que o filho nunca foi lá muito fã do alimento. Mas isso não diminui sua precoce consciência ambiental, que se revela também em outros momentos. "Certa vez, ele viu um amigo do pai jogando lixo na rua e explicou a importância de fazer a coleta correta. De outra, pediu à empregada para não jogar o óleo na pia", lembra a mãe. Indagado pelos professores sobre ações que podem salvar o planeta, Gabriel sugeriu carros menos poluentes, coleta seletiva e "compartilhar brinquedos com as criancas pobres".
Bravo, Gabriel. A necessidade de consumo consciente - seja de brinquedos, de carros, ou de comida - é uma realidade com a qual temos de conviver. Mesmo quem não pensa em mudar hábitos alimentares não pode mais se furtar a avaliar os impactos ambientais de suas opções cotidianas. O planeta agradece.
Página 1: Mude a sua dieta e salve a Amazônia
Página 2: Mude a sua dieta e salve a Amazônia
Como o consumo de carne adoece o planeta?
Segundo a FAO, a criação desses animais é responsável pela emissão de 18% dos gases do efeito estufa, número superior ao emitido pelo setor de transportes. São cerca de 37% das emissões globais de metano e 65% de óxido nitroso, gases com efeito dezenas de vezes superior que o gás carbônico.